Tensões crescem com tarifa de 50% e críticas à soberania brasileira; resposta de Lula pode escalar conflito comercial

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode adotar novas medidas contra o Brasil em resposta às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que rejeitou interferências externas e prometeu retaliação a tarifas impostas pelos EUA. Na quarta-feira (9), Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre importações brasileiras a partir de 1º de agosto, citando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e supostos ataques à liberdade de expressão por ordens judiciais brasileiras contra plataformas digitais americanas. Lula rebateu, afirmando que o Brasil é uma nação soberana e que responderá com base na Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada em abril de 2025.
A escalada retórica começou após Trump criticar, em 7 de julho, a condução do caso contra Bolsonaro, comparando-o a suas próprias acusações de perseguição judicial nos EUA. Lula respondeu durante a Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, dizendo que “o mundo mudou” e que o Brasil não aceitará “imperadores”. A tarifa de 50%, a mais alta anunciada por Trump contra qualquer país até o momento, soma-se a uma taxa extra de 10% aplicada a nações do BRICS, grupo que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, acusado por Trump de políticas antiamericanas.
Analistas apontam que Trump pode intensificar ações, como sanções específicas contra setores brasileiros, como café, minério de ferro ou aviação, ou abrir novas investigações comerciais sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, já mencionada em sua carta a Lula. A retaliação também pode incluir restrições a empresas americanas no Brasil, como exigiu Eduardo Bolsonaro, que vive nos EUA desde março de 2025 e pressiona por sanções contra autoridades brasileiras, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Lula, por sua vez, convocou reuniões emergenciais com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento) e outros para planejar contramedidas, como tarifas sobre produtos americanos, como etanol, ou restrições a lucros repatriados por empresas dos EUA. A Lei de Reciprocidade Econômica permite ao Brasil suspender concessões comerciais, mas o impacto de um confronto direto preocupa, já que os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com um superávit comercial americano de US$ 7,4 bilhões em 2024.
O cenário é agravado pela polarização política. Enquanto apoiadores de Bolsonaro, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), atribuem a crise a Lula, aliados do presidente, como o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), condenam a interferência de Trump como um ataque à soberania.
Fonte: Portal do Callado