Governo Lula adota tom mais diplomático para proteger exportações estratégicas e evitar retaliações severas dos EUA
Diante da decisão do governo americano de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca excluir alimentos e aviões da Embraer da lista de sobretaxados. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, intensificou as tensões comerciais entre os dois países e forçou o Brasil a adotar uma postura mais conciliatória, apesar de promessas iniciais de retaliação.
Os principais alvos da medida seriam setores estratégicos para a economia brasileira. Cerca de 42% do suco de laranja exportado pelo país tem os EUA como destino, além de 17,1% do café nacional. Já a Embraer, que depende do mercado norte-americano para cerca de 60% de sua receita, pode ter sua competitividade seriamente comprometida.
À frente das negociações está o vice-presidente Geraldo Alckmin, que tenta convencer o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, de que as medidas impactam também a economia americana, uma vez que a Embraer importa peças e tecnologia dos Estados Unidos. A proposta de um fundo emergencial para mitigar os efeitos das tarifas está sendo analisada internamente.
A decisão de Trump teve motivação política, em parte atribuída à condenação judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado do republicano. Lula repudiou a justificativa e defendeu a soberania do Judiciário brasileiro, mas preferiu manter o diálogo aberto com Washington para evitar uma guerra tarifária que poderia afetar alimentos e combustíveis no Brasil.
Com o prazo se esgotando, o Planalto avalia os próximos passos enquanto mantém a ameaça da Lei da Reciprocidade Econômica como último recurso.
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