Presidente recua após pressão de empresários e aposta em diálogo com Trump para evitar guerra comercial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta terça-feira (15), que o Brasil não retaliará as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos, conforme noticiado pela CNN Brasil. A decisão, tomada após reuniões com o setor empresarial, marca um recuo em relação às declarações anteriores, quando Lula prometeu usar a Lei de Reciprocidade Econômica para responder à medida anunciada pelo presidente Donald Trump em 9 de julho.
Em coletiva no Palácio do Planalto, Lula afirmou que buscará uma solução diplomática, evitando uma escalada comercial que poderia prejudicar setores como café, aço e carne bovina, que representam 33% das exportações brasileiras aos EUA.
A mudança de postura ocorre após pressão de entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que alertaram para os impactos de uma guerra tarifária, especialmente em um contexto de superávit comercial americano de US$ 7,4 bilhões com o Brasil em 2024. O governo formou um comitê com empresários e os ministérios da Fazenda, Relações Exteriores e Desenvolvimento para mapear os impactos e negociar com os EUA.
A decisão de Lula também reflete a percepção de que o Brasil, dependente de importações americanas como combustíveis e máquinas, enfrentaria riscos econômicos significativos com retaliações.
Trump justificou a tarifa como resposta ao julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e a censura a plataformas digitais, o que gerou críticas de Lula sobre ingerência na soberania brasileira. Apesar do recuo, o Planalto mantém a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) caso as negociações falhem. A estratégia agora é fortalecer laços com aliados como a China, que criticou as tarifas americanas, enquanto o Itamaraty busca diálogo com interlocutores nos EUA.
Fonte: Portal do Calado