Da redação
Governador do DF atribui contingenciamento à política econômica federal e afirma que vice-governadora Celina Leão assumirá a gestão em 2026; ele se prepara para disputar o Senado

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou na noite de quarta-feira (26/6) que deixará o comando do GDF em abril de 2026 para concorrer a uma vaga no Senado. A declaração foi feita durante um evento da Associação Brasiliense de Construtores (Asbraco), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), em Brasília, que reuniu empresários da construção civil e autoridades locais.
Durante o pronunciamento, o chefe do Executivo local também comentou o decreto de contingenciamento orçamentário, publicado nesta semana, que prevê o congelamento de R$ 1 bilhão em despesas públicas até o fim do ano. Segundo Ibaneis, a medida é resultado direto das políticas do governo federal, que, segundo ele, têm causado retração na economia e queda na arrecadação do Distrito Federal.
“Os juros estão muito altos e a responsabilidade disso é da área federal. Os empresários, assim, deixam de investir e o governo local sofre perda de arrecadação. Diante deste cenário, precisamos ser cautelosos, controlar nossas despesas para não chegar no final do ano com rombo. Não podemos ser irresponsáveis como o governo federal”, declarou.
Celina assumirá o governo
Ao oficializar a intenção de deixar o cargo em abril do próximo ano, Ibaneis confirmou que a vice-governadora Celina Leão (PP) será a responsável por concluir o mandato. “Vou sair para disputar a vaga ao Senado. A Celina vai assumir e eu tenho plena confiança nela. Foi leal a mim nos 66 dias em que estive afastado do cargo por causa de uma decisão injusta”, afirmou, referindo-se ao período de afastamento determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro de 2023, após os ataques às sedes dos Três Poderes por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Garantias para setor produtivo
Ibaneis também buscou tranquilizar o setor da construção civil quanto ao impacto do contingenciamento nos investimentos públicos. Ele garantiu que os contratos de obras em andamento não serão interrompidos e que os pagamentos aos fornecedores serão honrados.
“Não vamos penalizar os empresários. Quem trabalhar será pago. E, para não faltar dinheiro, estamos tomando esses cuidados com o nosso Orçamento agora”, disse.
Ao lado do presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, o governador ressaltou a evolução do banco público no financiamento imobiliário. Segundo ele, o BRB passou da sexta para a quinta posição entre as instituições com maior volume de crédito no setor habitacional — sendo o segundo entre os bancos públicos, atrás apenas da Caixa Econômica Federal.
Críticas a gestões passadas
Ibaneis também aproveitou a ocasião para lançar críticas aos adversários políticos, especialmente do PT e do PSB, partidos que governaram o DF antes de sua gestão. “Sofri desgaste pessoal, financeiro, familiar para levantar de novo essa cidade afundada pelos governos anteriores”, declarou.
Posições nacionais
O governador ainda celebrou a derrubada pelo Congresso Nacional do decreto que aumentava a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que na visão dele prejudicaria o setor produtivo. Além disso, posicionou-se favoravelmente ao projeto aprovado no Legislativo que amplia o número de parlamentares no Congresso:
“Nunca é caro investir na democracia. O país cresceu e precisa de mais representantes”, argumentou.
A decisão de Ibaneis Rocha de deixar o cargo em abril se dá dentro do prazo legal exigido para a desincompatibilização de candidatos ao Senado. Ele tentará transformar seu protagonismo político local — reforçado pela aliança com o clã Bolsonaro — em capital eleitoral para garantir uma cadeira na Casa Alta do Congresso Nacional em 2026.
Enquanto isso, Celina Leão, que ganhou destaque político durante o afastamento temporário do governador, deverá comandar o Palácio do Buriti em meio a um cenário de restrições fiscais e disputa pré-eleitoral acirrada no DF.